A renúncia do CEO da Intel, Pat Gelsinger, oponente da divisão dos negócios da empresa, libera as mãos do conselho de administração da Intel. Agora ele tem a oportunidade de voltar a discutir propostas anteriormente rejeitadas, incluindo a venda de ativos, a atração de investimentos privados e a divisão das divisões da Intel, o que poderia mudar radicalmente a trajetória de desenvolvimento da empresa. Esta etapa abre novas maneiras de tirar a Intel de uma crise prolongada.
A renúncia de Gelsinger, resultado da pressão do conselho de administração e dos acionistas, marca o início de uma nova era para a Intel. Durante sua liderança, iniciada em 2021, a empresa não conseguiu atingir seus objetivos de reconquistar a liderança tecnológica. Gelsinger, que se opôs fortemente à divisão da empresa, pretendia transformá-la em um fabricante contratado de chips, substituindo a TSMC e a Samsung. Na verdade, sob o agora antigo líder, a empresa concentrou-se na produção e não nos seus próprios produtos. Mas os reveses financeiros – incluindo perdas de milhares de milhões e previsões de vendas mais baixas para o trimestre mais recente – minaram a confiança nessa visão para o futuro da empresa.
Os grandes bancos Morgan Stanley e Goldman Sachs são consultores-chave da Intel na análise de possíveis trajetórias para o seu desenvolvimento futuro. Entre as opções consideradas estão a venda de divisões individuais, a atração de grandes investimentos privados e a reestruturação da empresa. A Qualcomm explorou anteriormente a possibilidade de um acordo com a Intel, mas a complexidade da integração dos negócios e a escala da operação esfriaram seu interesse. A Broadcom também estava explorando uma opção de aquisição, mas estava focada em concluir a aquisição da VMware, tornando as negociações com a Intel uma preocupação secundária.
Uma das opções de reestruturação mais radicais discutidas pelo conselho de administração é a separação das instalações de produção e dos negócios de produtos da empresa. Tal medida poderia permitir-lhe concentrar-se no desenvolvimento de produtos e reduzir os encargos financeiros no segmento de fábrica da Intel. No entanto, a divisão da empresa parece agora improvável – é dificultada pelos 7,9 mil milhões de dólares atribuídos em subsídios governamentais ao abrigo da Lei CHIPS & Science, destinados a apoiar a produção doméstica de chips nos Estados Unidos. Além disso, a concorrência com a TSMC pode tornar-se significativamente mais difícil sem a integração dos recursos de produção e design.
Os chips programáveis da Intel, produzidos pela sua divisão Altera, são um ativo promissor que poderá atrair a atenção dos investidores. Este negócio, adquirido pela Intel em 2015 por 17 mil milhões de dólares, é visto como um candidato potencial para uma oferta pública inicial (IPO) ou venda parcial. A Lattice Semiconductor, trabalhando em parceria com consultores financeiros, manifestou interesse em adquirir os ativos da Altera. Francisco Partners, Bain Capital e Silver Lake Management manifestaram interesse semelhante.
A divisão de tecnologia de direção autônoma da Mobileye também poderá estar sujeita a uma venda parcial ou total. A Intel, que adquiriu a Mobileye por US$ 15 bilhões em 2017, ainda mantém uma participação de 88% na empresa. O valor de mercado da Mobileye é agora de 14,1 mil milhões de dólares, tornando improvável que a Intel recupere totalmente o seu investimento. O novo CEO pode considerar a venda da sua participação na Mobileye para angariar fundos adicionais para outras iniciativas estratégicas.
A Apollo Global Management continua sendo uma parceira estratégica da Intel e está explorando ativamente oportunidades para expandir a cooperação. Em 2023, a empresa propôs investir até US$ 5 bilhões na Intel. Anteriormente, em junho, a Apollo adquiriu uma participação significativa na fábrica irlandesa da Intel por US$ 11 bilhões, fortalecendo sua posição em projetos conjuntos. Discussões renovadas com a Apollo poderão ser críticas para fortalecer a força financeira da Intel e apoiar os seus planos estratégicos de longo prazo.
Qual será o futuro da Intel é uma questão que permanece em aberto, mas é óbvio que os primeiros passos do novo CEO determinarão não só o destino da empresa, mas também o seu papel no mercado global de tecnologia. A liderança interina vê o futuro da Intel retornando seu foco aos processadores, enquanto o desenvolvimento da manufatura ficará em segundo plano. “Construiremos uma Intel compacta, simples e flexível”, disse Frank Yeary, que foi nomeado temporariamente para o cargo de presidente do conselho de administração.
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