Durante o estudo do lado oculto da lua, o rover lunar chinês Yutu-2 fez outra descoberta incomum. A câmera panorâmica do carro capturou esferas transparentes incomuns na cratera de Von Karman na superfície do satélite da Terra. Sabe-se que formações semelhantes foram encontradas antes no curso de missões americanas, mas eram escuras ou opacas.
«As esferas nos surpreenderam porque são tão exclusivas da lua”, disse Zhiyong Xiao, principal autor do novo estudo e cientista planetário da Universidade Sun Yat-sen da China e membro da Academia Chinesa de Ciências.
Ele e sua equipe acreditam que as bolas de 1,5-2,5 cm foram formadas a partir de anortosita, um mineral vulcânico rico em feldspato, como resultado de um impacto de meteorito relativamente recente. Tais estruturas podem ter sido formadas após o impacto derreter a pedra, transformando-se em bolas de vidro. O cientista chamou de “a primeira descoberta de glóbulos de vidro transparentes de tamanho macro na Lua”. A descoberta indica indiretamente que objetos semelhantes podem ser encontrados em outros planetas. Além disso, eles podem lançar luz sobre a história de antigas colisões da Lua com outros corpos cósmicos.
A descoberta também é de importância prática, já que hoje muitos países se preparam para estabelecer bases lunares habitáveis, e os anortositos, em teoria, possibilitarão a produção de vidro diretamente no local, sem sequer entregar matéria-prima da Terra.
Os pesquisadores são limitados em sua capacidade de analisar materiais porque o Yutu-2 tirou fotos dos objetos sem parar para estudá-los com o espectrômetro VNIS, o que teria possibilitado determinar sua composição química com mais precisão. Esta não é a primeira vez que o Lunokhod descobre objetos de interesse dos cientistas e de todos os interessados no espaço.
O rover lunar chinês Yutu-2 e o módulo Chang’e-4 pousaram no outro lado da lua, nunca visível da Terra, em janeiro de 2019. Desde então, o rover lunar percorreu uma distância total de cerca de 1.000 metros. Os resultados do estudo foram publicados em 26 de fevereiro no Science Bulletin.