Astrônomos descobriram uma galáxia extremamente rara, chamada MPG-CR3 (CR3), cujo espectro praticamente não contém “metais astrofísicos” — elementos mais pesados ​​que hélio e hidrogênio. A metalicidade dessa galáxia é inferior a 0,7% da do Sol, tornando-a um dos sistemas conhecidos com menor concentração de metais. Isso é crucial, pois a baixa metalicidade é uma característica das estrelas mais antigas do universo, que ainda não foram descobertas.

Representação artística de uma galáxia com suas primeiras estrelas. Fonte da imagem: NOIRLab/NSF/AURA/J. da Silva/Spaceengine/M. Zamani

A análise de dados observacionais revelou que a galáxia MPG-CR3 se formou aproximadamente 2,7 bilhões de anos após o Big Bang (seu desvio para o vermelho é z = 4,7), bem depois do período em que nuvens de gás primordial poderiam ter persistido. Essa galáxia peculiar chamou a atenção de astrônomos chineses, que utilizaram telescópios como o James Webb Telescope, o Very Large Telescope Europeu e o Telescópio Subaru Japonês.

Ainda mais surpreendente, a galáxia se mostrou muito jovem: de acordo com as observações, ela tem apenas 2 milhões de anos e está em plena atividade de formação estelar. Na época de sua formação, o espaço já deveria ter acumulado uma grande quantidade de metais provenientes de estrelas que nasceram antes dela e daquelas que morreram, o que deveria ter contaminado o espectro da MPG-CR3. Mas, por algum motivo, isso não aconteceu: o espectro do objeto mostrou linhas excepcionalmente fortes de hidrogênio e hélio, sem qualquer evidência de linhas de elementos pesados, particularmente oxigênio.

Espectros como esses podem ser característicos das primeiras estrelas do Universo, que começaram a se formar a partir do colapso de nuvens primordiais de hidrogênio e hélio logo após o Big Bang. Essas são as hipotéticas estrelas da População III. Sua descoberta teria sido sensacional, mas elas foram buscadas nos primeiros milhões de anos após o Big Bang. Detectar tais estrelas após 2,7 bilhões de anos era considerado impossível.

No entanto, o espectro de MPG-CR3 não apresenta linhas de He II, que teriam fornecido evidências irrefutáveis ​​da presença de estrelas primordiais na galáxia. Ou algo está obscurecendo essas linhas, ou elas estão desaparecendo rapidamente. Também é possível que…Uma situação em que a galáxia MPG-CR3 se formou longe de suas vizinhas, que poderiam tê-la “poluído” com metais. De qualquer forma, MPG-CR3 é intrigante e sem dúvida atrairá maior atenção científica — seria um verdadeiro milagre descobrir uma galáxia inteira de estrelas primordiais ao meio-dia cósmico, quando dispomos de uma vasta gama de instrumentos para o estudo mais detalhado de objetos a tal distância.

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