O Conselho da União Europeia e representantes dos países do bloco retiraram a votação de um projeto de lei que teria permitido às autoridades digitalizar correspondência em mensagens instantâneas. A Bélgica, que preside o Conselho, tentou submeter o documento a votação. Em Julho, a presidência passará para a Hungria, que anunciou a sua intenção de realizar consultas sobre esta iniciativa como parte do seu programa de trabalho.

Fonte da imagem: Ralph/pixabay.com

No início de 2022, a Comissão Europeia propôs um mecanismo para controlar todas as mensagens em chats e outras formas de comunicação digital entre cidadãos da região. Agora a iniciativa resultou em uma proposta de escanear materiais enviados por meio de plataformas criptografadas ponta a ponta do lado do cliente, ou seja, verificar todas as mensagens seguidas, independentemente de suspeitas sobre usuários específicos. Espera-se que estas medidas ajudem a prevenir a propagação de conteúdos ofensivos e de abuso infantil, incluindo conteúdos conhecidos e desconhecidos. Os especialistas alertam que estes últimos correm o risco de muitos falsos positivos e que cidadãos inocentes serão identificados como remetentes de materiais inadequados.

A legislação europeia é formada através de negociações entre três partes: a Comissão Europeia, o Parlamento Europeu e o Conselho da UE. O Parlamento Europeu rejeitou a proposta inicial da Comissão Europeia, mas introduziu o seu próprio mecanismo que exclui a encriptação de serviços. A Bélgica propôs a introdução da verificação de conteúdo em dispositivos clientes – e os usuários devem concordar com esta medida, caso contrário perderão a capacidade de enviar fotos, vídeos e URLs. A iniciativa causou insatisfação tanto de representantes da indústria de tecnologia quanto de deputados europeus.

Com a retirada da votação no Conselho da UE, o processo legislativo foi confrontado com incerteza: um departamento rejeitou a proposta, mas a Comissão Europeia e o Parlamento Europeu continuarão a trabalhar neste sentido. A discussão da iniciativa, de uma forma ou de outra, continuará após a formação de um novo parlamento e a transferência da presidência da Bélgica para a Hungria – Budapeste já se comprometeu a desenvolver um quadro legislativo abrangente contra o abuso infantil. As próximas consultas não serão fáceis, uma vez que o Parlamento Europeu se opôs fortemente a contornar a encriptação de ponta a ponta. Um acordo deve ser alcançado até abril de 2026, altura em que expira a regra que permite às administrações das redes sociais moderar conteúdos de forma independente. E teremos de ter em conta a opinião dos activistas dos direitos humanos que apelam à prevenção da vigilância e das violações da privacidade digital.

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