Na Feira de Eletrônicos de Xangai, em abril, os fabricantes chineses de semicondutores promoveram ativamente suas soluções nacionais abrangentes. Mas por trás da retórica patriótica existe uma dependência estrutural: a China ainda precisa de chips americanos, especialmente nos setores automotivo e de automação industrial. Esses componentes, apesar de sua importância estratégica, permaneceram indispensáveis para diversas cadeias de produção críticas.
Fonte da imagem: citexpo.org
A vulnerabilidade da China ficou clara quando Pequim isentou oito categorias de chips americanos de tarifas de importação de 125% impostas como parte de sua guerra comercial com os Estados Unidos no final de abril. A decisão foi resultado da pressão de montadoras chinesas que enfrentam escassez de chips importados essenciais, disseram fontes do setor. A lista inclui componentes sem os quais os sistemas automotivos modernos são impossíveis, em particular microcontroladores e semicondutores analógicos.
A guerra comercial entre os EUA e a China expôs dependências críticas mútuas. O governo Donald Trump isentou de tarifas produtos, incluindo iPhones e outros eletrônicos, montados principalmente na China. Em resposta, Pequim restringiu as exportações de elementos de terras raras essenciais para a fabricação de alta tecnologia dos Estados Unidos. Ao mesmo tempo, os Estados Unidos mantêm o controle sobre certos segmentos do mercado de chips, incluindo microeletrônicos usados em automóveis, onde fabricantes americanos e europeus dominam.
Embora os chips americanos representem apenas uma pequena parcela das importações de chips da China, eles incluem componentes essenciais para a indústria automobilística — unidades de microcontroladores comparáveis a minicomputadores e chips analógicos que processam sinais. Esses cargos foram incluídos em uma lista de exclusões aprovada por Pequim. Como resultado, tarifas foram eliminadas em mais de 90% dos chips importados pela China dos EUA.
De acordo com a Alfândega da China, o volume de importações de semicondutores atingiu US$ 412 bilhões em 2024, um aumento de 10% em relação ao ano anterior. Apesar de anos de esforços para aumentar a produção nacional, a dependência de importações continua a crescer. Isso é especialmente evidente na indústria automotiva, onde a demanda por microchips está aumentando à medida que a funcionalidade se expande, desde displays digitais e controle de voz até sistemas de direção autônoma. Essas funções exigem microprocessadores mais complexos, que a China ainda não é capaz de fornecer totalmente.
Tradicionalmente, o mercado de microchips automotivos é controlado por fabricantes ocidentais. Texas Instruments, Infineon, NXP, STMicroelectronics e Renesas fornecem suprimentos essenciais de componentes responsáveis pelo controle de componentes eletrônicos em veículos. Ao contrário dos processadores de smartphones ou de IA, esses chips são menos avançados tecnologicamente, mas são essenciais porque, sem eles, os carros modernos não podem funcionar.
As autoridades chinesas informaram as montadoras sobre a necessidade de usar pelo menos 25% de chips produzidos internamente em carros a partir de 2025, de acordo com fontes. Entretanto, no final de 2024, essa participação era de apenas cerca de 15%. O crescimento do indicador é retardado pela complexidade do desenvolvimento: um ciclo completo de projeto de microcircuitos leva até dois anos, e para chips automotivos são necessários outros dois a três anos para testes e certificação. Altos requisitos de confiabilidade tornam os fabricantes extremamente cautelosos ao escolher novos fornecedores.
Segundo fontes, negociações foram realizadas recentemente com a Texas Instruments e a NXP sobre a possível expansão da produção de chips na China. No Salão do Automóvel de Xangai, a China Automotive Chip Alliance (CACA) apresentou soluções nacionais rotuladas como “controle 100% doméstico”. Entretanto, a maioria dessas soluções ainda não fornece os volumes estáveis e a confiabilidade necessários para uso em massa.
Na exposição de Xangai, a Geehy Semiconductor apresentou um microcontrolador que, de acordo com o engenheiro Yang Chao, pode substituir produtos similares da Texas Instruments e de outras empresas estrangeiras. Ele observou que, durante a escassez global de chips em 2021, a demanda por produtos chineses aumentou, pois os compradores foram forçados a procurar alternativas. Segundo ele, a estratégia de localização já levou ao aumento do número de clientes — tanto na China quanto em alguns países europeus. A empresa está apostando na maturidade tecnológica e em preços competitivos, embora ainda seja um nicho de mercado por enquanto.
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