A Paradromics, empresa sediada em Austin, Texas, recebeu aprovação regulatória para os primeiros ensaios clínicos de sua interface cérebro-computador totalmente implantável, o Connexus, projetado para restaurar a fala em pacientes com paralisia grave. Este é o primeiro dispositivo do tipo no mundo a receber aprovação para testes em humanos. O dispositivo é completamente sem fio e tem o potencial de revolucionar o tratamento de pacientes com perda de fala.

Fonte da imagem: Paradromics

Em junho deste ano, a Paradromics testou seu implante cerebral pela primeira vez em um cérebro humano vivo. No entanto, na ocasião, o implante foi aplicado em uma região cerebral destinada à amputação. O objetivo era testar a compatibilidade dos materiais e características do sensor com o tecido humano vivo. O experimento foi considerado bem-sucedido, permitindo que a empresa submetesse um pedido para ensaios clínicos.

A Food and Drug Administration (FDA) dos EUA aprovou o implante dos sensores Connexus em dois pacientes — um em cada paciente. Se bem-sucedido, o ensaio será expandido para dez pacientes, dois dos quais receberão dois sensores para aumentar a quantidade de dados coletados e a precisão do monitoramento da atividade cerebral.

Cada sensor é uma “moeda” medindo 7,5 x 1,5 mm com mais de 400 eletrodos feitos de platina e irídio. Cada eletrodo tem 40 µm de espessura, um pouco maior que o tamanho de um único neurônio. Essa é precisamente a vantagem do sensor Connexus: cada eletrodo consegue detectar a atividade de aproximadamente um neurônio no córtex motor.

O sensor Connexus não consegue ler os pensamentos de uma pessoa. Ele lê a atividade neuronal quando a pessoa tenta mentalmente pronunciar palavras, tensionando os músculos da laringe, da língua e dos lábios. Se o paciente estiver paralisado, não haverá atividade muscular. Ele permanecerá mudo. No entanto, os comandos produzidos pelo esforço mental não serão perdidos — o sensor registra a atividade cerebral e, usando um modelo de linguagem personalizado e de grande escala, a traduz em fala. Se as gravações de áudio arquivadas de uma pessoa forem usadas para treinamento, a fala sintetizada…Pode ser uma imitação completa da própria fala do paciente.

Os eletrodos do sensor são inseridos superficialmente no córtex cerebral do paciente. Um controlador para processamento da atividade cerebral está integrado diretamente ao sensor. O sinal processado é transmitido por um fio implantado sob a pele até o tórax do paciente, onde um transceptor óptico é implantado para enviar o sinal a um receptor externo vestível. O receptor, que também funciona como carregador sem fio para o transmissor, está conectado a um computador vestível que executa um software de decodificação e um sintetizador de voz.

O experimento também testará a capacidade de decifrar os movimentos mentais das mãos dos pacientes para controlar um cursor de computador ou outros dispositivos eletrônicos. De qualquer forma, os primeiros testes clínicos em humanos nos aproximarão do momento em que pacientes que perderam a fala após um AVC ou outra lesão poderão se comunicar plenamente.

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