A política alfandegária do presidente dos EUA, Donald Trump, visa não apenas regular a esfera do comércio exterior, mas também localizar a produção de muitos bens dentro do país. As autoridades chinesas, percebendo as consequências do aumento das taxas alfandegárias, começaram a pressionar grandes fabricantes a expandir sua presença em outros países.

Fonte da imagem: Lenovo

Pelo menos, como relata a Nikkei Asian Review, o governo chinês está incentivando grandes empresas chinesas com apoio estatal a estabelecer produção no Sudeste Asiático, Europa e Oriente Médio. As medidas visam reduzir o impacto das tarifas de importação nos Estados Unidos que serão impostas aos produtos importados da China. A fabricante de monitores BOE Technology e a maior fabricante de PCs do mundo, Lenovo Group, já estão demonstrando disposição de expandir sua presença fora da China para compensar o impacto das tarifas de importação dos EUA.

Nesse contexto, o BOE está até considerando investir no capital da TPV, fabricante de equipamentos de exibição e televisão sediada em Hong Kong, que possui unidades de produção na América Latina e na Europa. O BOE também está preparado para adquirir quaisquer fabricantes europeus de monitores e displays, se necessário. No segmento de displays com tecnologia e-ink, a BOE considera o mercado europeu prioritário. Os planos do BOE para o assunto ainda não foram finalizados, disseram fontes.

Segundo alguns relatos, as autoridades chinesas proíbem empresas locais de investir pesadamente na produção de painéis LCD fora do país, mas acolhem com satisfação a ideia de organizar operações no exterior para montagem e teste de produtos acabados. Isso permite não apenas limitar a exportação de tecnologias, mas também organizar mais rapidamente a produção de produtos mais próximos dos mercados finais de venda.

A Lenovo criou um grupo de trabalho este ano que se concentra na expansão de seus negócios para fora da China e dos Estados Unidos — na Europa, por exemplo. A empresa planeja iniciar a produção de laptops e desktops na Arábia Saudita em 2026. Ter essa plataforma permitirá que a Lenovo atenda não apenas o mercado americano, mas também a África, a Europa e o Oriente Médio.

Os fabricantes de TV chineses também estão tentando reduzir sua dependência do México, já que o presidente dos EUA não está muito receptivo às importações de seu vizinho do sul. A TCL, por exemplo, tem investido pesadamente no Vietnã nos últimos anos. No entanto, alguns fabricantes chineses de monitores estão tentando não fazer movimentos bruscos e estão observando o desenvolvimento de eventos políticos, que estão acontecendo de forma rápida e, às vezes, contraditória.

As montadoras da China são forçadas a desenvolver mercados estrangeiros devido à alta concorrência no mercado interno; muitos deles pretendem organizar a produção de veículos não apenas na Europa e América Latina, mas também nos países da Oceania, Oriente Médio e África. Mesmo que a guerra comercial entre EUA e China derreta, as empresas chinesas buscarão fortalecer sua presença fora de seu mercado doméstico. O investimento estrangeiro de empresas chinesas vem crescendo nos últimos anos, atingindo US$ 162,8 bilhões no ano passado. Nos últimos anos, grandes somas foram gastas no desenvolvimento da produção fora da China por empresas que produzem baterias de tração e veículos elétricos. Ao mesmo tempo, os acordos para absorver empresas estrangeiras pela China diminuíram consideravelmente em número e valores. Para a China, no contexto de crescentes tensões com os Estados Unidos, está se tornando importante manter boas relações com a Europa.

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