Está se tornando uma prática comum: a cada poucos meses, uma empresa chinesa pouco conhecida lança um modelo de linguagem de grande porte (LLM) que desafia a noção de quão caro é treinar e executar algoritmos de IA de ponta. Desta vez, o destaque está na startup MiniMax, que anunciou o lançamento de um novo modelo de IA, o M1, que foi treinado por uma fração do custo de equivalentes ocidentais, como o GPT-4 da OpenAI.
Fonte da imagem: ChatGPT
Em janeiro deste ano, o foco esteve na DeepSeek e seu algoritmo R1. Em março, o foco esteve brevemente na Butterfly Effect, uma startup de IA sediada em Singapura com um número significativo de funcionários na China, e seu modelo Manus. Esta semana, o foco esteve na MiniMax, uma empresa sediada em Xangai, anteriormente conhecida por desenvolver um serviço para a criação de videogames usando algoritmos de IA.
Desta vez, o motivo para lembrar da MiniMax foi o lançamento do modelo de IA M1, que estreou em 16 de junho. De acordo com os desenvolvedores, este algoritmo pode competir com similares de empresas líderes do setor, incluindo OpenAI, Anthropic e DeepSeek, em termos de desempenho e criatividade, mas, ao mesmo tempo, o novo modelo de IA é significativamente mais barato para treinar e operar. A MiniMax afirmou ter gasto apenas US$ 534.700 no aluguel de capacidade computacional de data center para treinar o M1. Para efeito de comparação, especialistas do setor calcularam que treinar o algoritmo GPT-4o custou cerca de 200 vezes mais, e a OpenAI gastou mais de US$ 100 milhões nele. Os dados oficiais do desenvolvedor sobre este assunto não foram divulgados.
Se os dados da MiniMax forem precisos, e ainda não tiverem sido verificados de forma independente, é provável que levantem alguma preocupação entre os grandes investidores que investiram bilhões em empresas como OpenAI e Anthropic, bem como entre os acionistas da Microsoft e do Google. Isso porque o setor de IA é extremamente deficitário. Uma pesquisa do The Information descobriu que a OpenAI pode ter prejuízo de até US$ 14 bilhões no próximo ano e é improvável que atinja o ponto de equilíbrio antes de 2028.
Se os clientes conseguirem obter os mesmos resultados que os modelos OpenAI usando os modelos de IA MiniMax de código aberto, isso provavelmente reduzirá a demanda por produtos OpenAI. A ChatGPT já vem reduzindo agressivamente os preços de seus modelos de IA de alto desempenho para manter sua participação de mercado. A empresa recentemente reduziu o custo de uso de seu modelo de raciocínio GPT-o3 em 80%, mas isso foi antes do lançamento do MiniMax M1.
Os resultados da MiniMax também significam que as empresas podem não precisar investir tanto em capacidade computacional para executar e operar algoritmos avançados de IA. Isso poderia reduzir os lucros de provedores de nuvem como Amazon AWS, Microsoft Azure e Google Cloud. Isso, por sua vez, poderia significar menor demanda pelos aceleradores de IA da Nvidia, usados para treinar modelos de IA em data centers.
O lançamento do MiniMax M1 pode, em última análise, ter o mesmo efeito que o algoritmo R1 da DeepSeek. A startup alegou que sua rede neural R1 teve um desempenho tão bom quanto o ChatGPT, com custos de treinamento menores. O anúncio da DeepSeek fez com que o preço das ações da Nvidia caísse 17% em um dia, eliminando cerca de US$ 600 bilhões em seu valor de mercado. Até agora, a MiniMax não teve nada parecido.
A MiniMax é supostamente apoiada por algumas das maiores empresas de tecnologia da China, incluindo a Tencent e a Alibaba. Não está claro quantas pessoas trabalham na empresa, e há poucas informações sobre o CEO da MiniMax, Yan Junjie. A empresa também possui um gerador de imagens chamado Hailuo AI e um aplicativo de avatar virtual chamado Talkie. Por meio desses aplicativos, a MiniMax tem dezenas de milhões de usuários em 200 países, além de 50.000 clientes corporativos, muitos dos quais foram atraídos pela Hailuo por sua capacidade de criar videogames em tempo real.