Os relatórios trimestrais da Intel e as declarações da administração da empresa que os acompanham continham muitos sinais positivos para os investidores e, na abertura das negociações na sexta-feira, havia quem estivesse disposto a se apegar a cada um deles. Com isso, as ações da Intel iniciaram o pregão com valorização de mais de 10%, e a carga de otimismo foi ainda suficiente para fortalecer os títulos das concorrentes NVIDIA e AMD.

Fonte da imagem: Intel

É verdade que o preço das ações da NVIDIA subiu apenas um por cento e meio, mas após a queda causada pela introdução de sanções contra a China, isso pode ser considerado uma boa conquista. As ações da AMD subiram de preço quase quatro por cento, e isso pode ser considerado uma prova da confiança dos investidores de que o mercado de PCs atingiu um ponto de inflexão, quando os excedentes de estoque foram minimizados e a oferta e a demanda foram aproximadas de um estado de equilíbrio.

Como lembrete, os resultados do terceiro trimestre da Intel superaram as expectativas em termos de receitas, margens de lucro e lucro por ação. Por outras palavras, os investidores nem sequer se incomodaram com o facto de as receitas da Intel terem vindo a diminuir durante sete trimestres consecutivos. No trimestre atual, que não é menos importante, a Intel espera que a receita retorne ao crescimento anual, de 8%, para US$ 15,2 bilhões. A empresa encerrou formalmente o terceiro trimestre com uma queda na receita nos mesmos 8%, para US$ 14,2 bilhões. bilhões, e no segmento de produtos para clientes, diminuiu 3%, para US$ 7,9 bilhões. No segmento de desktops, a receita da Intel caiu 15%, para US$ 2,75 bilhões, mas a principal receita no setor de clientes da empresa há muito é gerada por laptops, e em no terceiro trimestre, aumentaram a receita principal em quase 2%, para US$ 4,5 bilhões.

Embora o responsável da Intel tenha admitido que este ano a capacidade do mercado global de PCs não ultrapassará os 270 milhões de unidades, manifestou-se confiante de que no futuro regressará aos 300 milhões de unidades, visto que a mesma recusa em suportar o Windows 10, aliada ao o desenvolvimento de capacidades de processador central para a aceleração de sistemas de inteligência artificial e o lançamento de novas gerações de chips começarão a estimular a procura de novos PCs nos próximos trimestres.

Os analistas que acompanham as atividades da Intel não foram unânimes nas suas conclusões após a publicação do relatório trimestral. Os representantes da Goldman Sachs, embora exijam crédito pelo sucesso da empresa em dominar cinco novos processos tecnológicos em quatro anos, não consideram de forma alguma o desejo da Intel de transferir o relacionamento entre as divisões de produção da empresa e seus próprios desenvolvedores para uma base mais reminiscente de interação com clientes terceiros justificada. Os analistas também estão preocupados com as perspectivas da Intel no segmento de processadores para servidores, onde a empresa pode continuar a perder participação de mercado em termos monetários. Estas preocupações são partilhadas pelos representantes do Morgan Stanley. No entanto, estes últimos consideram o sucesso da Intel na adaptação dos seus produtos ao boom da inteligência artificial e no desenvolvimento desse mesmo negócio contratual como fatores positivos.

Os especialistas do JP Morgan gostaram da redução de custos de US$ 3 bilhões alcançada pela empresa no final do ano em curso no relatório trimestral. No entanto, acrescentaram também que os próximos 12 meses serão o teste mais forte para a gestão da Intel, uma vez que a empresa terá de lançar três novas famílias de processadores para servidores e um processador para consumidor, e deverão ser produzidos com três tecnologias diferentes. Se os próximos 12 meses forem um sucesso para a Intel em termos de cumprimento do seu programa de produção, então os próximos três a cinco anos serão um período próspero para ela, segundo analistas. Representantes do JP Morgan aumentaram sua previsão para o preço das ações da Intel de US$ 35 para US$ 37 por ação, com o valor atual sendo de cerca de US$ 36.

Representantes da Mizuho Securities expressaram esperança de estabilização do mercado de PCs após a publicação dos relatórios trimestrais da Intel e disseram que embora diminua 10% este ano, poderá crescer 3% no próximo ano. Os analistas da Raymond James conseguiram discernir nos relatórios da Intel os pré-requisitos para desacelerar ainda mais a perda de posição da empresa no mercado, melhorar o desempenho financeiro (incluindo margens de lucro), desenvolver negócios contratuais e o surgimento de novas oportunidades relacionadas com a expansão de sistemas de inteligência artificial. Os especialistas da Raymond James colocaram sua previsão para as ações da Intel em US$ 42 por ação.

Os analistas da Benchmark Research viram sinais de sucesso de mercado para as novas famílias de processadores introduzidas pela Intel, embora não tenham negado que a empresa continua a ceder a sua posição à AMD no enorme nicho do segmento de servidores. O anúncio de novas gerações de processadores para servidores, segundo os autores da previsão, permitirá à Intel recuperar posições perdidas no mercado, de modo que o valor alvo do preço das ações da empresa pode ser fixado em US$ 42 por ação.

Houve até quem duvidasse das palavras do chefe da Intel sobre a ausência de ameaça aos negócios da empresa por parte dos processadores compatíveis com Arm no segmento de PCs. A Truist Securities disse que a melhoria do desempenho financeiro da Intel no terceiro trimestre foi em grande parte impulsionada pelo segmento de PCs, mas enfrentará uma concorrência mais acirrada no futuro com a introdução dos processadores baseados em Arm da Qualcomm e dos recursos de aceleração de IA. Esses analistas não estão prontos para dar mais de US$ 38 por ação da Intel.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *