Em agosto de 2022, a holding britânica Arm acusou a Qualcomm de violar os acordos de licenciamento deste desenvolvedor de arquiteturas de processadores em decorrência da aquisição da segunda startup Nuvia. As audiências do caso começaram ontem, e o chefe da Arm conseguiu garantir ao tribunal que a desenvolvedora britânica não tem ambições de entrar de forma independente no mercado de processadores.

Fonte da imagem: Braço

Em 2021, a Qualcomm adquiriu a startup Nuvia, que também era cliente da Arm, por US$ 1,4 bilhão. Segundo representantes deste último, a Qualcomm deveria ter celebrado novos acordos de licenciamento relativos aos desenvolvimentos da Nuvia, mas o desenvolvedor americano de chips negligenciou esta oportunidade. Agora Arm não apenas acusa a Qualcomm de violar as regras de licenciamento, mas também exige que ela pare de usar os designs da Nuvia, que serviu de base para a família de processadores Snapdragon X para PCs. Essencialmente, se o tribunal ficar do lado de Arm, a Qualcomm poderá perder o direito de vender esses processadores.

Inicialmente, a disputa entre Arm e Qualcomm surgiu de discrepâncias nos termos de licenciamento das tecnologias da primeira para Nuvia e Qualcomm, respectivamente, uma vez que a primeira pagava mais à Arm do que a segunda. Após a fusão, a Qualcomm pagou taxas de licenciamento próprias e mais baixas, o que não agradava à Arm. Como mostraram os materiais apresentados no tribunal, as taxas de royalties da Nuvia eram muitas vezes superiores às estabelecidas para a Qualcomm. A Arm Holding estima suas perdas com essa discrepância em US$ 50 milhões. Analistas terceirizados acreditam que a Qualcomm paga à Arm cerca de US$ 300 milhões por ano.

Essencialmente, no centro da disputa está o valor dos royalties que a Qualcomm deveria pagar. No entanto, as alegações vão muito além: Arm ameaça revogar a licença atual da Qualcomm e exigir a destruição de todos os dispositivos com processadores que utilizem os desenvolvimentos da Nuvia. Os analistas esperam que as empresas concordem com um acordo, já que a ação judicial pode prejudicar os negócios de ambas.

Os representantes da Qualcomm no tribunal tentaram explicar os motivos de Arm como um desejo de limitar a expansão da empresa, que Arm considera um concorrente potencial. Os advogados da Qualcomm apresentaram ao tribunal um projeto de documento que supostamente se destinava ao conselho de administração da Arm e foi preparado pelo CEO da empresa, Rene Haas. Neste documento, foi proposto à Arm desenvolver seus próprios chips prontos para trazê-los ao mercado sob esta marca. Haas negou ter preparado tal estratégia no tribunal. Ele disse que a Arm não cria chips e nunca esteve envolvida nesse negócio, mas está sempre avaliando diferentes estratégias.

Respondendo a uma pergunta sobre cartas enviadas a grandes clientes da Arm, como a Samsung, que mencionavam a exigência de proibir a Qualcomm de usar os desenvolvimentos da Nuvia, o chefe da Arm explicou que a holding tinha motivos para se envolver em tais atividades, uma vez que as contra-solicitações não vinham apenas de clientes e parceiros, mas e da própria gestão da Arm. Na terça-feira, as partes na disputa apresentarão ao tribunal os argumentos apresentados pelas suas principais testemunhas, e o tribunal pretende começar a discutir o veredicto na quinta-feira.

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