Políticos britânicos, liderados por um dos fundadores da Arm, já expressaram preocupação com as consequências do acordo com a NVIDIA. Este último foi forçado a garantir que a equipe de desenvolvimento da Arm permanecesse no Reino Unido. No entanto, a transferência da Arm para o controle de uma empresa norte-americana complicará a interação com os países e clientes que estão sob sanções dos EUA.
Como o Business Insider explica com referência a especialistas em direito internacional, nos Estados Unidos, duas agências diferentes são responsáveis pelo controle de exportação: o Office of Foreign Assets Control (OFAC), que faz parte do Tesouro, e o Bureau of Industry and Security (BIS), que pertence ao Departamento de Comércio. A primeira agência monitora o cumprimento das sanções contra países e indivíduos inteiros, a segunda é mais focada na exportação de produtos e tecnologias específicas.
Na linha OFAC, o acordo entre a NVIDIA e a Arm não criará nenhuma dificuldade particular para esta última, já que países como o Irã ou Cuba, que há muito estão sob sanções dos EUA, não são grandes mercados para o desenvolvedor britânico. A supervisão do BIS pode complicar o relacionamento da Arm com a mesma empresa Huawei Technologies, que está sujeita a uma série de sanções. Deve ser entendido, entretanto, que os negócios da Huawei já sofreram com as restrições de controle de exportação dos EUA, essas medidas já afetaram as atividades da Arm e, após a transferência da empresa para o controle da NVIDIA, não são esperadas mudanças significativas para pior.
Outra nuance importante é o grau de controle do BIS sobre a origem dos desenvolvimentos da Arm. A atual administração da empresa insiste que as arquiteturas de processador Arm são criadas por especialistas britânicos no Reino Unido, eles não estão sob jurisdição americana. É essa configuração que ajudou a Arm a continuar a parceria com a Huawei até agora, sem levar em conta as sanções dos EUA. Poucas coisas mudarão no nível operacional após a transição para o controle da NVIDIA, mas os reguladores dos EUA usam um conjunto complexo de critérios para determinar a origem dos produtos e tecnologias. Se eles decidirem, por exemplo, que a Apple participou ativamente da formação da Arm em um determinado momento, todos os desenvolvimentos da primeira receberão automaticamente o status de terem sofrido uma influência americana significativa. Nesse caso, o acordo com a NVIDIA se tornará um pretexto para fortalecer os controles de exportação pelos Estados Unidos.