A Intel, cujo cofundador Gordon Moore formulou a regra empírica que descreve o princípio do desenvolvimento da indústria de semicondutores no século passado, está atualmente passando por momentos difíceis, e fontes familiarizadas com a situação “de dentro” afirmam que as mudanças destrutivas na cultura corporativa que ocorreram desde o final do século passado também são as culpadas.

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Nesse sentido, os autores do artigo da Fortune consideram o período entre a fundação da empresa e a saída do CEO Andy Grove, em 1998, como a “era de ouro” da Intel. Ele foi o terceiro CEO a liderar a empresa e o último CEO consecutivo com vasta experiência em engenharia. Sob sua liderança, o ambiente de trabalho na Intel foi projetado para incentivar a inovação e a iniciativa; aqueles que desenvolviam projetos promissores podiam receber recompensas generosas, não apenas financeiras. Grove, por exemplo, dava a eles uma pastilha de silício autografada contendo seus chips.
Trabalhar na Intel era prestigioso; a empresa atraía graduados de universidades de ponta e profissionais experientes. Embora houvesse certa pressão para levar adiante projetos importantes, a gerência recompensava o trabalho excepcional com quatro semanas adicionais de férias remuneradas, e funcionários com mais de sete anos de serviço tinham direito a uma pausa de oito semanas na carreira.
Andy Grove permaneceu como presidente do conselho da Intel até 2005, e seu sucessor como CEO, Craig Barrett, preferiu manter a direção geral da empresa estabelecida por seu antecessor em 1998. Cerca de quinze anos antes, sob o comando de Paul Otellini, que não era engenheiro de formação, a liderança tecnológica deixou de ser uma prioridade para a Intel, com o desempenho financeiro assumindo o centro das atenções, e tudo isso foi agravado por uma série de erros de gestão. Em particular, a Intel se recusou a colaborar com Steve Jobs e sua empresa, a Apple, que mais tarde se tornou…Uma das maiores do mundo em capitalização de mercado. A administração da Intel também via poucas perspectivas no segmento de processadores móveis, perdendo a oportunidade de se firmar no mercado de componentes para smartphones.
Sob Otellini, a inovação e a experimentação deixaram de ser incentivadas e, após Robert Swan assumir o cargo de CEO em 2019, a redução de custos estendeu-se até mesmo às categorias mais triviais. A administração passou a explorar os funcionários da Intel de forma mais intensa, sem valorizar suas opiniões e contribuições, e com poucos incentivos em termos de remuneração ou folgas adicionais. Esse sentimento se intensificou nos últimos doze meses, de acordo com alguns ex-funcionários da Intel.
Demissões em larga escala minaram o moral e criaram lacunas nos processos de negócios que não puderam ser preenchidas de forma rápida e eficaz. Em 2021, um vislumbre de esperança surgiu no horizonte, com a nomeação de Patrick Gelsinger, ex-CTO com mais de 30 anos de experiência em engenharia, para CEO da Intel. Ele não poupou gastos em novas iniciativas e rapidamente elevou o moral dos funcionários, mas sua estratégia foi ignorada pelo conselho, que desaprovou o aumento dos custos. Como resultado, Gelsinger foi forçado a deixar a Intel no ano passado.
O atual CEO da empresa, Lip-Bu Tan, possui amplas conexões no setor, o que o ajuda a construir relacionamentos com parceiros. Ele também atuou no conselho de administração da empresa nos últimos anos, o que o torna bem versado na situação geral dos negócios da Intel. Os funcionários da empresaAqueles que falaram sob condição de anonimato observam que ele raramente se encontra ou se comunica com eles, e Tan raramente é encontrado entre os colegas. Os funcionários tomam conhecimento das mudanças na estratégia da Intel pela mídia, não por meio de sua própria gerência. Tan defendeu publicamente a redução da burocracia e o retorno ao espírito de inovação, mas os frutos de seus esforços ainda não foram plenamente observados. Demissões em larga escala e a aliança forçada com Trump só aumentaram a insatisfação de alguns de seus subordinados. Eles acreditam que Tan está excessivamente focado nas relações externas da Intel e não dá atenção suficiente aos problemas internos da empresa.
Ao mesmo tempo, a Fortune observa que, mesmo após sua saída, os “funcionários antigos” da Intel frequentemente continuam a se comunicar não apenas com ex-funcionários, mas também com os atuais, trocando ideias e notícias livremente. Caso sua ajuda seja necessária para outra tentativa de revitalizar a Intel, eles estão dispostos a dar uma nova chance à empresa.
