Conhecido por seus foguetes Electron leves, o Rocket Lab promete revolucionar as plataformas espaciais. Por apenas 1/10 do custo das plataformas da NASA, a empresa promete criar sua própria plataforma para entregar cargas científicas à órbita de Marte. Se tais missões custarem à NASA 500 milhões de dólares, então os serviços do Rocket Lab custarão muito menos de 50 milhões de dólares, como poderemos verificar neste outono.
A ideia de economizar dinheiro em missões nas profundezas do sistema solar tomou forma na NASA em 2019. A agência criou o programa SIMPLEx (Pequenas Missões Inovadoras para Exploração Planetária), que pretendia transferir o fardo da responsabilidade pela criação de satélites para voos de longa distância sobre os ombros de empresas privadas. O custo de cada missão dentro do programa foi limitado a US$ 55 milhões, sem incluir os custos de lançamento. Foram selecionados três projetos, um deles envolvendo o Rocket Lab.
A empresa não especifica o quanto valorizou sua plataforma de satélite para entregar instrumentos à órbita de Marte. Segundo o chefe da empresa, o valor é duas ordens de grandeza menor que outras alternativas. Instrumentos para a missão EscaPADE (Escape and Plasma Acceleration and Dynamics Explorers) estão sendo construídos pelo Laboratório de Ciências Espaciais da UC Berkeley (SSL). A tarefa do Rocket Lab é projetar e fabricar o “ônibus” – a estrutura de montagem da carga, o sistema de propulsão e os sistemas de suporte ao funcionamento da carga e do satélite. O valor de US$ 55 milhões foi dividido entre SSL e Rocket Lab em proporção desconhecida até o momento.
A missão EscaPADE envolve colocar dois satélites na órbita de Marte: Azul e Ouro. Os instrumentos a bordo dos veículos estudarão a interação da atmosfera do Planeta Vermelho com o vento solar – partículas de plasma. A missão está projetada para 11 meses de trabalho. Os satélites precisarão de mais 11 meses para voar até Marte e entrar em sua órbita. Cada um dos dispositivos possui seu próprio chassi, mas em essência são gêmeos.
O lançamento de satélites ao espaço não está previsto antes de outubro de 2024. O truque é que eles devem ser lançados como parte do primeiro vôo de teste do novo foguete New Glenn da Blue Origin. Se o lançamento não ocorrer dentro de “alguns meses” depois de outubro, o envio de satélites para Marte será adiado por dois anos até a próxima janela. Mas mesmo tendo chegado a Marte, os satélites ficarão lá pendurados por três meses, pois durante esse tempo o Sol entre Marte e nosso planeta interferirá na comunicação com a Terra. Na verdade, este é o período em que o lançamento do New Glenn pode ser adiado.
Para a Rocket Lab, como projetista e fabricante de uma plataforma de satélite, a situação foi complicada pelo fato de New Glenn ter sido selecionada para lançar veículos apenas em fevereiro de 2023. O projetista não pôde confiar nos parâmetros do veículo lançador, o que é, em geral, incomum. Portanto, o chassi teve que ser projetado de forma diferente – contando com a massa final e a manobrabilidade necessária da plataforma para que pudesse entrar na órbita de Marte.
O Rocket Lab teve uma experiência relativamente positiva no passado ao enviar sua plataforma em um vôo interplanetário. Ela garantiu a entrega do cubestat CAPSTONE à órbita lunar. A luta pela sobrevivência dos cubos durou quase cinco meses, mas finalmente chegou ao seu destino. A experiência adquirida ajudará a empresa a entregar satélites a Marte a preço de banana. Mas dadas as circunstâncias – um novo foguete e um novo chassi – será um empreendimento arriscado.