Jogado no PlayStation 5
Registros Perdidos: Bloom & Rage recebeu esse nome em homenagem não apenas à banda de rock que as heroínas do jogo montaram às pressas, mas também a uma breve descrição de dois episódios. O primeiro deles, Bloom, foi dedicado ao surgimento da amizade entre meninas que, à primeira vista, tinham pouco em comum, mas que rapidamente encontraram uma linguagem comum. No segundo, Rage, essa aliança começa a ruir. No final do primeiro, descobrimos que uma das meninas está com uma doença terminal e, para o quarteto de jovens rebeldes, isso é um verdadeiro golpe no estômago: seus parentes estão descontentes com seu comportamento, sua amizade acabará em breve e, em geral, não está claro o que fazer a seguir. Ao longo do caminho, saltamos do passado para o futuro e vemos versões adultas das meninas que receberam um pacote misterioso que as lembrou daqueles tempos.
⇡#O que há na caixa preta?
Este pacote era o segredo central de Lost Records – como escrevi na crítica do primeiro episódio, os escritores constantemente aumentavam os sustos e insinuavam que havia algo escondido na caixa que ninguém tinha permissão de ver. Como esperado, o conteúdo acabou sendo uma porcaria. Isso não mudará a vida das heroínas de forma alguma, o jogador não ficará chocado e o enredo como um todo não parece ser sobre isso. Se você esperava que o mistério principal fosse algo alucinante, você terá uma grande decepção.
As meninas tentam ficar juntas o máximo de tempo possível
Ao mesmo tempo, fica claro por que as meninas juraram nunca mais se ver e qual segredo elas guardaram todos esses anos. O juramento e o evento associado a ele parecem um pouco com esticar uma coruja em um globo, mas podemos imaginar uma situação em que as heroínas ficaram realmente assustadas com o que aconteceu e concordaram em não se lembrar nem discutir mais o assunto. A metade final do jogo consiste inteiramente em cenas dramáticas, então os fãs de Life is Strange e outras aventuras semelhantes ficarão satisfeitos – haverá motivos suficientes para chorar ao som de músicas tristes.
No entanto, há uma sensação de que o segundo episódio não tem muito tempo de duração: é quase duas vezes mais curto que o primeiro. E aqui não está claro se foi essa a intenção ou se o final foi concluído às pressas – o lançamento foi adiado várias vezes e pode muito bem não ter havido tempo suficiente. Por isso, nem todos os detalhes da história são revelados da melhor maneira possível: o vilão aqui se mostra muito caricato, os momentos com poderes sobrenaturais deixam mais perguntas do que respostas, e tudo termina em um suspense que pode facilmente estragar a impressão. Você também não sabe como se sentir em relação a isso — ou é uma dica de uma sequência que sairá só Deus sabe quando, ou nenhuma sequência está planejada e os escritores apenas deram aos fãs o que pensar.
O vilão local continua sendo um caipira caricato
Uma coisa pela qual a Lost Records definitivamente pode ser elogiada é o impacto que as decisões dos jogadores têm em muitos eventos. Quando as estatísticas foram mostradas depois dos créditos, fiquei surpreso que momentos que pareciam roteirizados e claramente escritos no roteiro pudessem, na verdade, acontecer de forma diferente. Já no primeiro episódio, construímos relacionamentos com todas as namoradas: você podia se distanciar de uma delas, ou estabelecer uma amizade próxima com aquela que você mais gostava, ou manter bons relacionamentos com todas — as cenas finais dependem de tudo isso. Além disso, isso é verdade tanto para o passado quanto para o presente: não é fato que todos ficarão com você até que o pacote seja aberto.
⇡#Descida
No geral, a história da Lost Records é um pouco estranha. Como uma viagem nostálgica de volta aos anos noventa, quando as pessoas ouviam Madonna e assistiam aos truques de mágica de David Copperfield, o jogo foi mais do que um sucesso. É uma aventura aconchegante e envolvente, com personagens simpáticos aos quais você se apega — não tanto quanto Chloe e Max, mas definitivamente mais lembrados do que os irmãos de Life is Strange 2. Ao mesmo tempo, é difícil não pensar que as sequências no presente não eram realmente necessárias. Os elementos sobrenaturais podem ser deixados (mesmo que não sejam explicados corretamente), mas não há necessidade de ver com tanta frequência os rostos assustados de mulheres adultas que não conseguem abrir um pacote idiota por várias horas.
Há muitos objetos interativos no segundo episódio.
Em termos de jogabilidade, o segundo episódio também acabou sendo pior que o primeiro. Lá, desempenhamos o papel de uma menina com uma câmera de vídeo – havia um desejo de filmar tudo em sequência, para que depois, em um menu separado, pudéssemos editar os vídeos e assisti-los novamente com comentários de voz. No segundo episódio, isso fica em segundo plano – quase não há necessidade de filmar, muito menos de editar ou procurar itens colecionáveis. Há uma explicação no enredo para isso, mas privar os jogadores da mecânica mais interessante e envolvente (mesmo que ela estivesse ficando chata no final do primeiro episódio) é uma decisão estranha.
Em vez disso, francamente falando, tivemos um “filme”. Na primeira metade do episódio, os desenvolvedores tentaram adicionar jogabilidade com sucesso variável: há um quebra-cabeça, um minijogo para encontrar objetos e (por algum motivo) um episódio furtivo. Não só o jogo é cheio de bugs (o personagem do qual você está se escondendo ou vê você nas sombras ou fica parado no lugar), mas o enredo também depende de como você o completa.
Não há novos locais, mas os antigos ainda são lindos
E depois disso, começa uma longa série de diálogos, periodicamente interrompidos por instruções simples – por exemplo, trazer uma garrafa térmica, que está a dois passos de distância, em uma cadeira. Ou quebre a fechadura usando objetos que estejam nos locais mais visíveis. O drama da trama e a vontade de saber como tudo termina permitem que você feche os olhos para a jogabilidade simples, mas mais uma vez você se pergunta se os desenvolvedores apressaram o lançamento.
***
Após completar o primeiro episódio, Lost Records não deu a impressão de ser o melhor jogo de Don’t Nod – afinal, é incrivelmente difícil superar as emoções do primeiro Life is Strange. Mas havia a sensação de que o estúdio finalmente havia criado algo novo que poderia ser tão amado pelo público quanto transformado em uma série. Apesar das deficiências do segundo episódio, isso ainda pode ser verdade – especialmente porque há uma dica clara de uma sequência no final do jogo. O principal é que o roteiro era melhor, caso contrário, as teorias dos fãs acabaram sendo mais interessantes do que o enredo inventado pelos roteiristas.
Vantagens:
- Personagens ainda encantadores – tanto do passado quanto do presente;
- Belos gráficos criam uma atmosfera aconchegante de uma pequena cidade;
- O impacto perceptível das decisões tomadas no que acontece no segundo episódio;
- Final emocionante.
Desvantagens:
- O principal mistério do jogo acabou sendo um fracasso, e alguns elementos da trama não foram totalmente desenvolvidos;
- O segundo episódio termina muito rápido;
- A jogabilidade, incluindo as filmagens, fica em segundo plano no segundo episódio.
Artes gráficas
Os gráficos ainda são bons, mas um bug estranho foi adicionado: nas cenas do motor gráfico, figuras pretas aparecem em lugares aleatórios por um segundo de vez em quando. Os fãs já estão criando teorias, tentando explicar o enredo.
Som
Mais indie rock e ótimas dublagens de cada ator.
Jogo para um jogador
Uma aventura agradável – parece promissora depois do primeiro episódio, mas decepciona às vezes no segundo.
Tempo de trânsito estimado
Três a quatro horas – o segundo episódio é visivelmente mais curto que o primeiro. No total, você precisa gastar cerca de 10 horas em ambos.
Jogo coletivo
Não fornecido. As estatísticas mundiais de decisões tomadas já foram corrigidas, e há muitas surpresas aí.
Impressão geral
Se o primeiro episódio mereceu 8 pontos por um enredo intrigante e uma jogabilidade bastante interessante, o segundo não atendeu a todas as expectativas e está mais próximo de 6. Então, no geral, o jogo todo obtém uma média aritmética de 7 pontos. É bom o suficiente, mas está longe de ser o primeiro Life Is Strange.
Classificação: 7.0 / 10
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