O Departamento de Justiça dos EUA realizará uma revisão antitruste da aquisição da plataforma de design Figma pela Adobe por US$ 20 bilhões. A agência já começou a questionar os clientes e concorrentes da Figma para determinar se o acordo prejudicará o ambiente competitivo, informa a Bloomberg, citando uma fonte anônima.
Em setembro, a Adobe anunciou uma aquisição de US$ 20 bilhões da Figma, no que se espera ser o negócio mais caro da história da corporação. O valor oferecido pela startup é o dobro do valor estimado da empresa, devido a que, no dia seguinte ao anúncio oficial da mesma, as ações da Adobe perderam 17% de preço, o que não acontecia desde 2010. A corporação espera concluir o processo de aquisição em 2023, embora o acordo com a Figma permita uma extensão até março de 2024.
A plataforma Figma rapidamente ganhou popularidade como uma ferramenta colaborativa para design de aplicativos e sites, superando o rival Adobe XD, que gera US$ 17 milhões em receita anual e emprega 19 desenvolvedores. A Adobe estima que a Figma gerará cerca de US$ 400 milhões em receita este ano.
A revisão antitruste da Adobe não será a primeira na história da corporação – em 2005, as autoridades iniciaram um procedimento semelhante quando a Adobe assumiu a Macromedia. Na época, o Departamento de Justiça se propôs a descobrir se a aquisição prejudicaria a concorrência e acabou por aprovar o acordo. E em dois anos, o desenvolvimento de um dos programas da Macromedia, que funcionava como um análogo do Adobe Illustrator, foi descontinuado.
Florian Ederer, professor de economia da Yale School of Management, diz que o acordo Adobe-Figma é um exemplo clássico de uma aquisição matadora, na qual um jogador dominante assume um concorrente promissor para privá-lo da capacidade de criar soluções inovadoras produtos. Quando uma startup entra em uma empresa maior, ela perde a oportunidade de se desenvolver tão intensamente como se tivesse permanecido independente. Outro exemplo de tal “aquisição assassina” foi a transição do Skype sob as asas da Microsoft. No entanto, mesmo na presença de vários tipos de provas, tais casos em tribunal ainda quase não têm perspectivas, concluiu o professor Ederer.