Cientistas do Instituto Politécnico de Worcester (WPI, na sigla em inglês), em Massachusetts, desenvolveram um material de construção com emissão negativa de carbono, denominado Material Estrutural Enzimático (ESM, na sigla em inglês). O material é criado por meio de biotecnologia, utilizando uma enzima para catalisar reações químicas envolvendo o CO₂ atmosférico. O “concreto verde” cresce rapidamente sobre o carbono absorvido, endurecendo em 24 horas.

Fonte da imagem: WPI
Pesquisadores observaram que a produção de concreto responde anualmente por aproximadamente 8% de todas as emissões de dióxido de carbono provenientes da atividade humana. Trata-se de um processo altamente intensivo em energia e que não pode ser eliminado — a população mundial está crescendo, assim como a demanda por novas moradias. As tentativas de substituir o concreto tradicional por outros aditivos (como cinzas, hidrogel e até mesmo fungos) não obtiveram sucesso até o momento: as alternativas são ou de curta duração e frágeis, ou muito caras.
A tecnologia ESM, desenvolvida no WPI, utiliza uma enzima chamada anidrase carbônica para acelerar a conversão do CO₂ dissolvido em água em carbonato de cálcio sólido, que une as partículas de areia em estruturas resistentes (a areia é um aditivo na solução). Esse processo ocorre à temperatura ambiente e pressão normal, sem necessidade de queima em alta temperatura ou cura prolongada.
Ao contrário do concreto convencional, que emite aproximadamente 330 kg de CO₂ por metro cúbico, o novo material absorve 6,1 kg de dióxido de carbono por metro cúbico. Este material possui resistência à compressão de até 25–30 MPa (suficiente para estruturas de suporte de carga), é resistente à água, reparável e totalmente reciclável. Pode ser moldado em painéis pré-fabricados, blocos ou elementos de cobertura em apenas algumas horas, reduzindo drasticamente os custos de energia e a intensidade de mão de obra durante a construção, enquanto o concreto pode levar até um mês de clima quente para curar.
Os resultados do estudo foram publicados em 5 de dezembro de 2025 na revista Matter. Os autores enfatizam que mesmo a substituição parcial do concreto tradicionalO concreto ESM tem o potencial de reduzir significativamente a pegada de carbono da indústria da construção. O material é visto como uma base promissora para habitações acessíveis e ecológicas, estruturas pré-fabricadas e recuperação de desastres, podendo aproximar a indústria da construção das metas de neutralidade de carbono e economia circular. No entanto, os autores desaconselham a implementação precipitada do novo material, recomendando testes em diversas condições climáticas e meteorológicas.
