Neste dia, em 1996, uma patente americana concedida discretamente lançou as bases para a revolução da música digital. O formato de arquivo MP3 impulsionou o crescimento do entretenimento na internet e a expansão do acesso à banda larga, inaugurando a era do iPod e, possivelmente, precipitando o surgimento do iPhone e de outros dispositivos com tela sensível ao toque que permanecem indispensáveis até hoje.

Fonte da imagem: Oleg Sergeichik / unsplash.com
Cientistas alemães desenvolveram o formato MPEG Audio Layer III (MP3) em um esforço para reduzir significativamente a quantidade de dados necessária para representar um arquivo de áudio. Um deles, Karlheinz Brandenburg, é considerado o pai do MP3, tendo liderado esta e outras pesquisas semelhantes desde 1977. O novo formato permite a compressão de arquivos de áudio originais em 75 a 95%, mas é um formato com perdas: ele descarta alguns dados de áudio, porém a diferença perceptível aos humanos é insignificante devido às limitações da audição. Ele permite variar a taxa de bits, ou grau de compressão, dependendo do dispositivo em que a música será reproduzida.
O trabalho no formato MP3 em si começou em 1987, e uma patente para ele foi emitida na Alemanha em 1989. No entanto, foi somente em 1996, quando o Instituto de Música e Artes (IMA) desenvolveu o formato MP3. O Instituto Fraunhofer recebeu a patente americana número 5.579.430, e o formato MP3 começou a ganhar popularidade. O software para codificar música no novo formato foi rapidamente copiado e distribuído online. Logo surgiram programas para converter CDs em MP3, permitindo que as pessoas compartilhassem álbuns com amigos. Inicialmente, a música era distribuída via servidores FTP e, em 1999, foi lançada a rede de compartilhamento de arquivos Napster; um ano antes, o WinAmp havia surgido, tornando-se a maneira mais popular de ouvir MP3s. A internet de banda larga começou a se desenvolver rapidamente e alguns usuários sortudos conseguiam baixar os últimos sucessos em apenas alguns minutos. Nesse mesmo ano, 1998, surgiram os primeiros tocadores de MP3 com memória flash.

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A Apple desempenhou um papel fundamental na legalização da música digital. Em 2001, lançou o iTunes e o primeiro iPod. No entanto, foi somente em 2003 que os primeiros novos acordos com a indústria fonográfica, já em crise devido ao MP3, foram firmados. Nesse mesmo ano, foi lançada a iTunes Music Store, oferecendo 200.000 músicas a US$ 0,99 cada.
A patente do MP3 expirou em 2017. Esse codec continua em uso, embora esteja obsoleto. Foi substituído por alternativas modernas, como o AAC e o formato de compressão sem perdas FLAC. Até 2025, quase toda a música terá migrado para serviços de streaming, eliminando a necessidade de copiar, baixar e compartilhar músicas. Com a banda larga e as redes móveis 4G/5G, as dificuldades técnicas com a música não são mais um problema. Mas os amantes e colecionadores de música continuam a colecioná-la em mídias físicas, assim como na era do MP3.
