A aquisição da maior editora de jogos, Activision Blizzard King, pela Microsoft dará a esta última uma vantagem sobre a Sony no mercado de consoles. A gigante japonesa vê isso como uma grande ameaça ao seu setor de consoles e assinaturas, enquanto se esforça para criar o melhor serviço de assinatura de jogos.
A Microsoft teve que superar uma resistência feroz para levar a cabo a aquisição da Activision Blizzard King: não só os reguladores estavam preocupados, mas também a Sony, que se tornou uma feroz oponente do acordo. Na prossecução do seu objetivo, a Microsoft teve de se comprometer a manter o acesso da PlayStation ao Call of Duty durante os próximos dez anos.
Esse compromisso satisfez todos os reguladores, exceto a FTC, e os documentos vazados como resultado do hack da Insomniac mostram que a Sony continua profundamente preocupada. Ela vê a aquisição como uma ameaça séria e acredita que a Microsoft tem a oportunidade de “ultrapassá-la” no mercado de consoles.
«A aquisição da Activision pela Microsoft permitirá que ela ultrapasse nossas bases atuais. [A Activision] oferece um valor estratégico incrível em jogos de serviço e está se expandindo para os mercados de dispositivos móveis e PC (Battle.net)”, diz um slide de uma apresentação aos funcionários da Sony. A apresentação marca o desejo da Microsoft de criar sua própria loja de jogos móveis que possa competir com Apple e Google. A empresa planeja abrir tal plataforma em 2024, mas seu sucesso dependerá de os reguladores forçarem a Apple e o Google a abrirem seus ecossistemas o suficiente.
De acordo com a previsão pessimista da Sony, as dificuldades devido ao Call of Duty começarão já em 2027, muito antes do prazo de dez anos. A Microsoft se comprometeu a manter o acesso do PlayStation à franquia, mas não prometeu que os jogos serão lançados em todos os consoles ao mesmo tempo — novos títulos da Activision poderão aparecer no Game Pass no dia do lançamento, e a Microsoft aproveitará esse período de ” exclusividade” para aumentar seu domínio no segmento de assinaturas.
Especialistas da Sony apontam que as ações da concorrente representam uma enorme ameaça à sua assinatura do PlayStation Plus, o que pode resultar em um prejuízo de US$ 1,5 bilhão até 2027. Por outras palavras, a posição dominante da PlayStation criou um estado de complacência dentro da Sony, mas agora a empresa sentia-se ameaçada. Agora há uma necessidade urgente da Sony expandir suas ofertas – a empresa está tentando encontrar o modelo de “assinatura de jogos ideal”.
Os jogadores esperam os melhores negócios por uma taxa mensal, mas a Sony diz que o modelo é “insustentável” porque não vê retorno do investimento em jogos premium para assinantes. Além disso, o PlayStation (ao contrário do Xbox) não possui uma “interface unificada para dispositivos móveis, PCs e consoles”, e a empresa tem apenas uma maneira de compensar essa deficiência – um “modelo de vendas premium”. Só pode fornecer o status quo, e a Sony não está mais confiante de que isso seja suficiente.