Em 2019, a Activision Blizzard King (ABK) estava explorando oportunidades para aumentar a receita mudando seu relacionamento com o Google e desenvolveu uma estratégia chamada Project Boston, que incluía uma loja de jogos Android como uma opção. Isso ficou conhecido durante o julgamento entre a Epic Games e o Google, relata The Verge.

Fonte da imagem: activisionblizzard.com

Para aumentar a receita do segmento móvel, a Activision Blizzard decidiu implementar dois planos paralelos no final de 2019. A primeira foi criar sua própria loja de jogos para Android – a empresa estava pronta para lançá-la de forma independente ou com o apoio de colegas como Epic Games e Supercell, editora de Clash of Clans. Foi assumido que o usuário baixaria o aplicativo cliente da loja no site da plataforma, instalaria em seu celular Android e conseguiria baixar e atualizar jogos como Candy Crush, Call of Duty Mobile e Diablo Immortal.

Em correspondência com o CEO da Epic, Tim Sweeney, o CFO da Activision Blizzard, Armin Zerza, descreveu a plataforma como um “Steam móvel” – um único lugar para comprar jogos para celular com um único sistema de pagamento. Foi assumido que a comissão de transação da plataforma seria de 10 a 12%, ou seja, significativamente inferior aos 30% cobrados por Google, Nintendo, Sony, Microsoft e o mesmo Steam. Se o plano tivesse funcionado, a Activision Blizzard teria tentado fazer o mesmo com o iPhone, que eventualmente veria jogos da Activision, Blizzard, King e possivelmente de desenvolvedores terceirizados. Primeiro no Android e depois no Apple iOS.

Mas a Activision Blizzard estava disposta a abandonar esse plano se a segunda ideia do Projeto Boston funcionasse. A empresa estava simultaneamente negociando com o Google um acordo no valor de mais de US$ 100 milhões – que deveria “garantir maior desempenho econômico no segmento móvel, YouTube, publicidade, promoção de mídia e mídia social e tecnologias de nuvem”. Em ambos os casos, a Activision Blizzard teria ganhado mais dinheiro do que simplesmente pagar ao Google uma comissão de 30%. O documento do Projeto Boston diz que a empresa pretendia, em última análise, escolher apenas uma das opções. “Se conseguirmos poupanças reais com o Google, abandonaremos a Opção 2”, afirma o documento em negrito. E é explicado que “Opção 2” significa “criar sua própria loja móvel”.

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Se a Activision Blizzard tivesse escolhido a segunda opção, a loja teria surgido em 2019 ou 2020. A empresa planejou lançar o projeto sem muito alarde no formato de produto mínimo viável (MVP). A princípio não envolvia marketing e promoções, o catálogo conteria apenas jogos da King, incluindo Candy Crush, o site funcionaria apenas nos EUA, e seu quadro de funcionários até 2021 seria de menos de 70 pessoas. Se tivesse sucesso, os recursos da Activision Blizzard e Battle.net se juntariam ao trabalho na plataforma, e a loja começaria a adquirir novos recursos, incluindo suporte para múltiplas contas e notificações push. Em 2021, seria “ABK em escala”, com o conjunto completo de jogos para celular da empresa e muito mais.

Mas isso nunca aconteceu, porque a Activision Blizzard conseguiu assinar um acordo com o Google no valor de muito mais de US$ 100 milhões – um documento correspondente assinado pelo CFO da ABK e vice-presidente sênior do Google, Hiroshi Lockheimer, foi mostrado no tribunal. De acordo com a Epic Games, o Google na verdade pagou à Activision Blizzard para que a editora do jogo se recusasse a abrir sua própria loja de aplicativos – o gigante das buscas está realizando essa série de negócios sob o nome geral de Project Hug. O programa visa combater o “efeito contágio”: a empresa temia que outros importantes desenvolvedores de jogos seguissem a Epic Games do Google Play, causando danos financeiros irreparáveis ​​à loja de aplicativos.

No tribunal, representantes das partes, testemunhas e advogados não chegaram a um consenso sobre se a Activision Blizzard realmente pretendia lançar sua própria loja de aplicativos: a partir de vários depoimentos ficou claro que o Google percebeu essa opção como uma ameaça real, mas há também uma teoria razoável de que a editora do jogo usou esse plano como alavanca contra o gigante das buscas desde o início. Até o CFO da ABK admitiu que uma equipe de 45 a 70 pessoas não seria suficiente para lançar tal projeto, mesmo no formato MVP – na realidade, seriam necessárias várias centenas de especialistas. E agora que a Activision Blizzard é propriedade da Microsoft, o conflito pela loja de aplicativos móveis seria mais intenso.

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