Uma missão tripulada a Marte é um dos objetivos de longo prazo da comunidade científica, que está prevista para ser concretizada nos próximos 10 anos. A conclusão desta tarefa pode ser complicada por um estudo recente realizado por cientistas da University College London, que descobriu que os rins humanos não sobreviverão a uma estadia tão longa no espaço sideral sob a influência contínua da ausência de peso e da radiação.
Um estudo conduzido por cientistas mostrou que a estrutura e a função dos rins mudam durante os voos espaciais, e a exposição à radiação causa danos irreversíveis. “A menos que desenvolvamos novas formas de proteger os rins, eu diria que um astronauta poderia chegar a Marte, mas precisaria de uma máquina de diálise no caminho de volta”, disse o Dr. Keith Siew, um dos autores do estudo, cujos resultados do que foram publicados recentemente na revista Nature Communications.
Na década de 70 do século passado, tornou-se óbvio que os voos espaciais causavam problemas de saúde entre os astronautas. Estamos falando do impacto em vários órgãos humanos, incluindo perda óssea, enfraquecimento do coração e da visão e aparecimento de pedras nos rins. Supõe-se que a razão para isso esteja na radiação cósmica. O campo magnético da Terra fornece proteção parcial contra os efeitos nocivos da radiação durante voos tripulados em órbita baixa da Terra. Se falarmos sobre um voo de ida e volta para Marte, os astronautas ficarão expostos a radiações mais severas por mais tempo.
Para avaliar a saúde humana durante viagens espaciais de longo prazo, os cientistas conduziram uma série de experimentos, incluindo biomoleculares, fisiológicos e anatômicos. Além disso, realizaram 11 simulações de estar no espaço, utilizando camundongos e ratos como sujeitos experimentais. Em algumas simulações, os roedores foram expostos a níveis de radiação equivalentes aos de missões de 1,5 e 2,5 anos a Marte.
Os cientistas descobriram que durante a permanência prolongada no espaço sideral, os rins de humanos e animais são “reconstruídos”: os túbulos renais, responsáveis por manter o equilíbrio do cálcio e do sal, apresentam sinais de compressão após menos de um mês no espaço. A causa provável desta dinâmica é a ausência de peso, e não a radiação. Para determinar com mais precisão o grau de impacto da microgravidade e da radiação no corpo humano, são necessárias pesquisas adicionais.
Os autores do estudo concluíram que a tecnologia de blindagem não será capaz de proteger as pessoas dos efeitos negativos do ambiente agressivo do espaço. No entanto, tendem a acreditar que novas pesquisas neste sentido permitirão desenvolver meios tecnológicos e farmacêuticos para tornar as viagens espaciais de longo prazo menos prejudiciais ao corpo humano.
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