Foi divulgado que, em 2023, durante um hackathon realizado pela Agência Espacial Europeia (ESA), uma equipe de programadores liderada pelo desenvolvedor islandês Ólafur Waage lançou o lendário jogo Doom, de 1993, a bordo do satélite OPS-SAT – um “laboratório voador” compacto com dimensões de 10 x 10 x 30 cm, projetado para testar sistemas de controle e software embarcado.

Fonte da imagem: AI generation Grok 4/3DNews
O satélite estava equipado com um computador 10 vezes mais potente que os satélites anteriores da ESA, tornando-o uma plataforma ideal para o experimento. Era ainda mais potente que os computadores de 1993 para os quais o programa do jogo foi originalmente desenvolvido. A equipe enfrentou sérias limitações: o ambiente fechado restringia a usabilidade do software, e a conexão com o satélite era intermitente e impedia a operação em tempo real.
A primeira tentativa de executar Doom foi feita usando uma versão adaptada do Chocolate Doom — uma versão bastante conservadora que dependia da biblioteca SDL, ideal para o ambiente limitado do satélite. Como não havia tela no satélite, o programa dependia de um relatório de texto: durante uma sessão de comunicação regular, o satélite enviava um relatório sobre a porcentagem da fase do jogo concluída no modo de demonstração e o número de inimigos destruídos. Como brincou o líder da equipe: “Mesmo que houvesse uma tela, visualizá-la da Terra exigiria um telescópio realmente potente.”
O desempenho do jogo confirmou a estabilidade do código mesmo sob a influência de raios cósmicos, que podem causar mau funcionamento eletrônico: o jogo não travou e rodou sem erros. Para a segunda tentativa, os desenvolvedores optaram por uma versão do DoomGeneric, projetada especificamente para adaptação a diferentes sistemas. Eles redirecionaram a saída gráfica para uma placa de vídeo virtual, capturando imagens para documentar os resultados. Para dar à demonstração um toque verdadeiramente cósmico, a equipe integrou ao jogo imagens da Terra capturadas por uma câmera de satélite: essas fotos se tornaram o plano de fundo das fases.
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No entantoImagens de alta qualidade, alta resolução e profundidade de cor estavam além das capacidades do motor gráfico de Doom, então uma IA (Inteligência Artificial) carregada no computador de bordo do satélite por outra equipe foi utilizada. A IA comprimiu e converteu a imagem para um formato de 8 bits com perda mínima. Além disso, a paleta rígida de 256 cores do jogo não continha os tons necessários de azul, marrom e verde para representar a Terra, então uma abordagem improvisada foi necessária — modificando a paleta além da versão canônica.
No fim, tudo deu certo: Doom foi lançado no espaço, e as capturas de tela com a Terra como pano de fundo de batalha serviram como uma boa ilustração do trabalho dos programadores entusiasmados. Agora, o próximo passo é lançar Doom em estações interplanetárias e, eventualmente, em Marte, onde, segundo a história, o jogo se passa. Mas, por algum motivo, imaginamos que Doom rodará para sempre — em tudo que os entusiastas conseguirem colocar as mãos. Quem sabe um dia, para variar, uma versão do jogo poderá ser lançada em um sensor de risco de meteoritos em uma nave espacial viajando para a galáxia de Andrômeda. Por quê? Porque eles podem!
