O projeto de fone de ouvido combinado da Apple sofreu devido à atitude “distanciada” do CEO Tim Cook, bem como ao ceticismo de outros membros da administração da empresa, escreve a Bloomberg.
O fone de ouvido de realidade mista foi um projeto plurianual a um custo de cerca de US$ 1 bilhão por ano, mas o desenvolvimento do projeto foi prejudicado pela política de “relativo laissez-faire” de Tim Cook. Isso contrasta fortemente com o trabalho de seu antecessor, o fundador Steve Jobs, que era famoso por sua atenção obsessiva aos detalhes e constantemente atraía o designer-chefe da empresa, Jony Ive.
Vale ressaltar que Cook não é o único que se distanciou do projeto – o chefe do departamento de desenvolvimento de software Craig Federighi e o chefe do departamento de hardware Johnny Srouji expressaram preocupação com ele. O primeiro parecia “alerta” e manteve distância, enquanto o segundo chamou o desenvolvimento do fone de ouvido de “projeto científico”.
Os temores da administração, é claro, terão menos impacto no sucesso do projeto do que a resposta do cliente. A Apple decidiu vender o dispositivo a preço de custo, não com prejuízo, dizem fontes da Bloomberg. Mas o volume de vendas projetado foi reduzido de 3 milhões para 900 mil aparelhos por ano – isso aconteceu após a revisão do fator de forma e escopo de aplicação prática do fone de ouvido.
Depois de deixar a Apple em 2019, Ive continuou envolvido no desenvolvimento do dispositivo, deixando o projeto “cerca de um ano atrás” e teve um confronto com o líder do projeto, Mike Rockwell. O objetivo de Ive era tornar o dispositivo “o mais portátil possível”, refletindo a postura de Cook, e a equipe de Rockwell inicialmente se inclinou para uma estação base externa do tamanho de um Mac mini, uma opção teimosamente evitada por outros fabricantes. Um dispositivo totalmente autônomo poderá aparecer em pelo menos quatro anos – por enquanto, a Apple adiou todos os trabalhos em larga escala nessa direção.