Os parlamentares europeus podem aprovar uma lei segundo a qual a correspondência em mensagens instantâneas, incluindo as criptografadas, será digitalizada em massa na região. Hoje, as autoridades da UE expressarão a sua posição sobre um projeto de lei que visa identificar materiais relacionados com o abuso infantil. A votação mostrará se a iniciativa recebe apoio suficiente para avançar no processo legislativo da UE.

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O documento, divulgado pela primeira vez em 2022, introduziria um sistema de “moderação de upload” que verificaria todas as mensagens digitais enviadas por uma pessoa, incluindo imagens, vídeos e links. Cada operador de serviço de mensagens instantâneas, ao executar este sistema de monitoramento em sua plataforma, será obrigado a solicitar o consentimento do usuário para verificar suas mensagens. Se ele não der tal consentimento, não poderá enviar imagens ou URLs.

Os autores do projeto de lei aprovam e rejeitam o recurso de criptografia de ponta a ponta: por um lado, enfatizam que a criptografia de ponta a ponta “é um meio necessário para proteger os direitos básicos”; por outro lado, argumentam que os serviços de mensagens encriptadas podem “tornar-se inadvertidamente zonas seguras nas quais é transmitido ou distribuído material de abuso infantil”.

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Para resolver esses problemas, propõe-se fornecer a capacidade de digitalizar correspondência – mas ao mesmo tempo não violar de alguma forma a confidencialidade fornecida pela criptografia ponta a ponta. Para fazer isso, o sistema de moderação irá verificar o conteúdo das mensagens antes mesmo de o mensageiro criptografá-las. A presidente da Signal, Meredith Whittaker, já afirmou que se a lei for aprovada, o mensageiro deixará de trabalhar na UE. A Electronic Frontier Foundation, o Center for Democracy & Technology e a Mozilla assinaram uma declaração conjunta apelando à UE para rejeitar a iniciativa relacionada com a digitalização do conteúdo do utilizador.

Os próprios parlamentares europeus também estão insatisfeitos com a iniciativa – várias dezenas de deputados escreveram ao Conselho da UE para manifestar o seu desacordo com a proposta. Na sua opinião, o projeto de lei anteriormente rejeitado surgiu porque era um momento oportuno: as eleições para o Parlamento Europeu foram realizadas recentemente e no final do mês termina a presidência belga do Conselho da UE – os apoiantes da iniciativa tiveram a última oportunidade para empurrá-lo. Caso receba apoio, o Parlamento Europeu, o Conselho e a Comissão iniciarão consultas sobre a formação do texto final da lei. Mas mesmo com o apoio das autoridades dos países da UE, podem surgir dificuldades na sua promoção: um inquérito realizado no ano passado mostrou que dois terços dos jovens europeus são contra a iniciativa.

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