A crise em torno da Nexperia exigia uma solução política e, a julgar pelas publicações da última sexta-feira, ela foi ao menos parcialmente encontrada, já que alguns clientes da empresa anunciaram a retomada das entregas de produtos dessa marca, que são demandados pela maioria das montadoras do mundo.

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Relembrando, a Nexperia, empresa chinesa responsável pelo processamento de aproximadamente 80% dos produtos desta marca, interrompeu o fornecimento de produtos acabados aos clientes após a apreensão de sua sede pelas autoridades holandesas e a suspensão das remessas de produtos semiacabados da Europa, em decorrência de uma proibição imposta pelas autoridades chinesas. Estas últimas declararam posteriormente que concederiam as licenças de exportação necessárias para atender os clientes mais exigentes da Nexperia, mas também esperavam algumas concessões das autoridades europeias. Finalmente, ontem, foram feitas declarações indicando que as autoridades holandesas estavam dispostas a ceder o controle da sede da Nexperia em troca da retomada das remessas de chips da China.
Vale ressaltar que o primeiro-ministro holandês, Dick Schoof, em declarações à Bloomberg, confirmou a prontidão da China em retomar o fornecimento de chips quase imediatamente, mas enfatizou que ainda restam dúvidas sobre o desempenho do CEO suspenso, Zhang Xuezheng, e que as acusações contra ele serão tratadas separadamente da questão do fornecimento de chips.
Segundo o primeiro-ministro holandês, representantes da Comissão Europeia e da Alemanha participaram das negociações com a China, e o encontro entre os líderes americano e chinês também desempenhou um papel na resolução do conflito envolvendo a Nexperia. O primeiro-ministro alemão, Friedrich Merz, afirmou ontem que “o fornecimento poderá ser retomado nas próximas horas”, referindo-se aos resultados das negociações com a subsidiária chinesa da Nexperia.
Esta semana, a empresa alemã Aumovio, fornecedora de autopeças,A Honda confirmou ter recebido autorização para fornecer chips da Nexperia, provenientes da China. Além disso, a divisão chinesa da Volkswagen também recebeu seu primeiro lote de chips da unidade local da Nexperia, segundo informações da imprensa alemã. A direção da Honda expressou esperança de poder retomar a montagem de veículos nos volumes anteriores até o final da próxima semana, graças justamente à retomada dos envios de chips da Nexperia da China. Como o diálogo entre a sede holandesa e a divisão chinesa da Nexperia ainda não foi restabelecido, os representantes europeus da empresa não puderam confirmar à Reuters se os envios de chips haviam sido de fato retomados.
Aliás, para os clientes da Nexperia, os novos termos para os envios de chips da China acarretam obrigações adicionais. Além das licenças de exportação, que atualmente são emitidas por um curto período, eles terão que informar às autoridades chinesas sobre o uso final dos chips recebidos, já que minerais de terras raras são utilizados em sua produção.
Mesmo levando em consideração a possível retomada dos envios de chips da Nexperia, as montadoras japonesas já incluíram em suas previsões o impacto negativo da crise atual. Especificamente, a Honda Motor prevê um prejuízo operacional de US$ 1 bilhão para o ano fiscal completo, com uma queda esperada de 7% nas vendas na América do Norte, ou 110 mil veículos. Interrupções no fornecimento de chips forçaram a Honda a suspender sua linha de montagem no México e a reduzir o volume de produção de veículos nos EUA e no Canadá.
A Nissan Motor e a Mitsubishi Motors reconheceram que a situação impactará suas operações de montagem de veículos, enquanto a Suzuki Motor e a Mazda Motor afirmaram que não foram significativamente afetadas pela crise.A Toyota Motor, líder mundial, ainda espera vender um número recorde de 10,5 milhões de veículos até o final de março.
