Este mês, as autoridades holandesas tentaram nacionalizar a fornecedora de chips automotivos Nexperia, que é nominalmente propriedade da empresa chinesa Wingtech Technology há vários anos. As consequências dessa medida incluem uma redução nos volumes de fornecimento de produtos essenciais, e as montadoras já estão enfrentando escassez de componentes, embora algumas ainda neguem qualquer problema.

Muitos aspectos das operações de produção da Nexperia já foram paralisados, disseram representantes de sua controladora, a Wingtech, ao Financial Times. Eles alegam que a medida do governo holandês visa transferir o controle dos negócios da Nexperia para uma nova entidade pertencente a investidores holandeses. A Wingtech acredita que qualquer sucessora da Nexperia criada dessa forma está simplesmente fadada ao fracasso, pois os clientes literalmente não a seguirão.

Ao cortar os negócios da Nexperia na China, que representam de 70% a 80% de sua produção, os novos proprietários não conseguirão encontrar novos fornecedores nos próximos meses para testar e embalar seus chips, que atualmente são enviados para a China como wafers de silício após o processamento inicial no Reino Unido e na Alemanha.

Segundo fontes, o escândalo em torno da divisão da Nexperia foi desencadeado não apenas pela imposição de sanções americanas contra essa empresa de capital chinês. Alega-se que a Wingtech construiu uma nova unidade em Xangai, exigindo que a Nexperia redirecionasse para lá alguns de seus pedidos de teste e embalagem de chips, mas essa ideia não encontrou apoio na sede holandesa. Essas tendências alarmaram a gestão europeia da Nexperia, que então, sob o pretexto deZhang Xuezheng, CEO da empresa e um dos idealizadores da construção de uma fábrica “alternativa” na China, foi afastado da gestão da empresa por razões de proteção dos interesses nacionais.

Grandes montadoras começaram a reclamar da escassez de chips fornecidos à Nexperia para suas necessidades. A Nissan Motor afirmou que seus estoques de componentes atuais durariam apenas até o final da primeira semana de novembro. A Honda Motor foi obrigada a suspender a montagem de veículos em sua fábrica no México na última terça-feira e também começou a reduzir os volumes de produção nos EUA e no Canadá. Autoridades brasileiras alertaram que muitas montadoras locais paralisarão suas atividades em duas ou três semanas se a crise em torno da Nexperia não for resolvida rapidamente.

A General Motors está monitorando a situação e buscando soluções rapidamente, mas até o momento, sua produção não está sofrendo com a escassez de chips. A Mercedes-Benz conseguiu acumular um estoque emergencial de componentes para continuar as operações no ritmo atual por enquanto. De acordo com a direção da gigante alemã, a crise atual exige uma solução política, pois não há problemas técnicos com a produção de chips. Os carros modernos utilizam componentes de cinco continentes, portanto, poucos escapam ao impacto desta crise.

O CEO da Toyota Motor, Koji Sato, enfatizou que a maior montadora do mundo não está atualmente sofrendo quaisquer consequências da crise do Nexperia ou da escassez de chips, mas está avaliando cuidadosamente todos os riscos associados. Ele acredita que o impacto da crise nas operações da Toyota não será tão repentino a ponto de exigir a suspensão imediata de uma parcela significativa de sua produção.Quando a pandemia, há alguns anos, causou escassez de chips automotivos, a Toyota já exigia que seus fornecedores mantivessem em estoque componentes suficientes para quatro meses, tendo adquirido experiência com isso alguns anos antes, após o devastador terremoto no Japão.

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