A Nvidia, como principal beneficiária do boom da IA, inevitavelmente atrai cada vez mais a atenção dos investidores, e recentemente muitos céticos surgiram, alegando que a empresa está à beira de outra bolha do mercado de ações. O fundador Jensen Huang teve que convencer os analistas sobre as demonstrações financeiras da empresa: “Não somos a Enron”, declarou Huang repentinamente, o que foi estranho, já que ninguém sequer perguntou.

Fonte da imagem: Nvidia
De fato, as nuvens em torno da Nvidia estão se adensando. Michael Burry, o lendário investidor que previu a crise de 2008 quando quase ninguém acreditava nele e que inspirou o personagem principal do filme “A Grande Aposta”, lançou um ataque de informações contra a empresa.
Desde o final de outubro, Burry vem alimentando a narrativa da bolha da IA, comparando-a ao estouro da bolha da internet de 1999-2000. Ao mesmo tempo, ele tem apostado alto na queda das ações da Nvidia. Na semana passada, Burry intensificou suas críticas. Ele acusou os operadores de infraestrutura de IA (Microsoft, Google, Oracle e outros) de inflarem seus lucros, estendendo a vida útil dos aceleradores da Nvidia de 2-3 para 4-6 anos em seus balanços financeiros, o que lhes permite ocultar US$ 176 bilhões em prejuízos até 2028.
O experiente investidor também expressou preocupação com o fato de os parceiros e clientes da OpenAI estarem envolvidos em uma complexa série de acordos protegidos, enquanto a demanda real por tecnologia de IA é limitada. Burry também fez comparações com as infames empresas WorldCom e Lucent, que se envolveram em fraudes financeiras no auge da bolha da internet no início deste século.
Como explica o The Telegraph, o CEO da Nvidia, Jensen Huang, emitiu um esclarecimento aos analistas do setor e aos principais investidores institucionais a respeito das declarações de Burry sobre os perigos das interdependências financeiras que se desenvolvem no setor de IA. O CEO da Nvidia rebateu, afirmando que sua empresa não deveria ser comparada à WorldCom e à Lucent, nem à gigante do setor energético Enron, que faliu em 2001.Esta última foi flagrada não apenas ocultando informações sobre suas obrigações de dívida, mas tambémEstatísticas de vendas distorcidas.
O boom da IA, segundo Jensen Huang, não se assemelha a uma “manipulação contábil histórica”, mas sim ao fato de que “o modelo de negócios subjacente da Nvidia é economicamente estável, e os relatórios da empresa são abrangentes e transparentes”, e, no geral, a empresa valoriza sua reputação. Burry também sugeriu que os períodos de amortização dos aceleradores da Nvidia são excessivamente longos e que os acordos mais recentes do setor envolvem o financiamento de clientes com seus provedores de serviços e produtos. Essencialmente, todo o dinheiro direcionado para o suporte dos primeiros acaba retornando aos últimos na forma de receita. Burry também admitiu ter apostado contra a Nvidia e a Palantir um total de mais de US$ 1 bilhão e que as falências financeiras dessas empresas poderiam, em última análise, torná-lo significativamente mais rico. Anteriormente, o fundador da Nvidia rejeitou publicamente a afirmação de que outra bolha está se formando no setor de IA.
Outra acusação feita por Burry diz respeito ao uso de ações como forma de remuneração para funcionários pela Nvidia, que depois são recompradas com ágio, ocultando assim os altos salários de gerentes e desenvolvedores importantes em seus demonstrativos financeiros (os custos reais são de três a quatro vezes maiores do que os US$ 13 a 15 bilhões divulgados).
Por ora, parece que Huang está vencendo a disputa com Burry. As ações da Nvidia já caíram 17% desde o início de novembro. Nem mesmo um relatório estelar de receita de US$ 57 bilhões ajudou. Mas isso não é suficiente para Burry. Ontem, ele publicou uma “análise da Nvidia” detalhada, na qual reiterou seus cálculos.
