A SpaceX recebeu autorização da Administração Federal de Aviação dos EUA (FAA) na véspera do décimo lançamento de teste do foguete Starship – a empresa realizou suas últimas verificações pré-voo esta semana. As causas das falhas ocorridas nos dois lançamentos anteriores também foram reveladas.

Fonte da imagem: spacex.com

Na quarta-feira, 13 de agosto, a SpaceX realizou o teste final do sistema do motor, um “pump spin”, na plataforma de lançamento no sul do Texas. Em seguida, a espaçonave foi levada de volta ao hangar, onde foram realizadas verificações adicionais do motor, reparos no escudo térmico e outros preparativos pré-lançamento. O décimo voo de teste da Starship ocorrerá, no máximo, às 18h30, horário local, do dia 24 de agosto (2h30, horário de Moscou, do dia 25 de agosto). Como em todos os casos anteriores, o foguete gigante de 123 metros será lançado do cosmódromo da Starbase, no Texas, ao norte da fronteira dos EUA com o México. Ele consiste em um propulsor equipado com 33 motores Raptor movidos a metano, e a própria Starship com seis dos mesmos motores.

Os lançamentos de teste da Starship foram marcados por falhas de janeiro a maio, e em junho o foguete explodiu na plataforma de testes antes mesmo de decolar. A SpaceX realizou quatro lançamentos no ano passado, cada um alcançando novos marcos — incluindo o retorno bem-sucedido do primeiro estágio à plataforma de lançamento. Os contratempos mais recentes forçaram a empresa a adiar fases futuras do programa, incluindo não apenas o retorno, mas também a reutilização do primeiro estágio e o reabastecimento em órbita — o que agora é improvável que aconteça antes do próximo ano.

A FAA anunciou no dia anterior que sua investigação sobre o acidente da Starship em maio havia sido oficialmente concluída — a nave espacial foi para o espaço sideral e começou a vazar combustível, o que impediu a conclusão do voo de teste. Segundo a SpaceX, o difusor localizado na parte superior do tanque de metano, projetado para manter a pressão necessária, falhou alguns minutos após o lançamento. Como resultado, como mostraram os sensores, a pressão no tanque de metano caiu, enquanto na carenagem localizada diretamente acima dele, ao contrário, aumentou. A queda de pressão no tanque foi compensada, mas a liberação de combustível interrompeu o sistema de controle de atitude e a Starship perdeu estabilidade. O sistema de bordo deu o comando para despejar o combustível restante no espaço e “passivar”, ou seja, desligar todos os sistemas para concluir o voo com segurança com uma entrada descontrolada na atmosfera sobre o Oceano Índico. Durante a investigação, os engenheiros da SpaceX recriaram a emergência na Terra e redesenharam o difusor para direcionar o gás comprimido de forma mais eficiente para o tanque de combustível principal, o que ajudou a “reduzir significativamente” o estresse em sua estrutura.

Durante o incidente de junho, um vaso de pressão composto (COPV) contendo nitrogênio foi danificado, causando falha estrutural do veículo (Nave 36) e uma explosão. Para evitar incidentes semelhantes no futuro, a SpaceX decidiu reduzir a pressão operacional do COPV em voos futuros, implementar inspeções adicionais nesses vasos, tornar mais rigorosos os critérios de aceitação de seus componentes em produção e fazer alterações no projeto do equipamento.

A SpaceX iniciou o ano com testes da versão atualizada da Starship 2 (ou Bloco 2) – o primeiro estágio retornou com sucesso à plataforma de lançamento, mas os motores da nave falharam, ela nem sequer chegou ao Oceano Índico e seus destroços caíram nas Bahamas. Em março, o resultado foi semelhante, e novamente as Bahamas conseguiram. Em maio, a Starship foi ao espaço, mas perdeu o controle e não permitiu que os engenheiros coletassem dados sobre o desempenho do escudo térmico – este aspecto é crucial para o futuro do programa. A próxima Starship (Nave 37) possui diversos designs de placas de cerâmica e metal instalados para que possa escolher a melhor opção para reentrar na atmosfera terrestre.

Tornar o estágio superior da Starship tão reutilizável quanto o propulsor Super Heavy exigiria um escudo térmico eficaz — trazer a nave de volta da órbita e de volta à plataforma de lançamento é muito mais desafiador do que o primeiro estágio, porque a nave precisa suportar temperaturas mais altas do que o propulsor de voo mais lento. Portanto, um objetivo fundamental do 10º voo de teste da Starship será coletar dados sobre como as peças do escudo térmico feitas de diferentes materiais se mantêm durante a reentrada. Isso impactará a aparência da Starship Versão 3 (ou Bloco 3). Até agora, todos os lançamentos da Starship foram logo abaixo da velocidade orbital, voando apenas metade da Terra para coletar dados em condições semelhantes às missões orbitais, mas com menos risco e despesa. O 10º voo da Starship tentará implantar modelos dos satélites Starlink de próxima geração — algo que havia planejado fazer em três testes anteriores, mas que nunca atingiram a altitude necessária.

O propulsor Super Heavy também passará por testes mais rigorosos: após a decolagem, ele não seguirá para sua plataforma de lançamento, a Starbase, mas tentará um pouso controlado no Golfo do México. Isso ajudará os engenheiros da SpaceX a explorar novas capacidades do primeiro estágio, como pousar com uma combinação diferente de motores ou até mesmo com um dos três motores de pouso. A SpaceX tem apenas duas Starships de segunda geração à sua disposição; a empresa então passará para a Versão 3, que inclui motores Raptor aprimorados.

By admin

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *