As recentes tarifas do governo Donald Trump sobre produtos do Canadá, México e China ameaçam aumentar os preços e interromper o fornecimento de software e hardware de jogos nos Estados Unidos. Jogos em disco podem desaparecer completamente das vendas, cita previsões de analistas da Ars Technica.
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O impacto das tarifas pode ser mais pronunciado nos jogos em disco atualmente produzidos no México. Um imposto de 25% sobre discos importados do México para os Estados Unidos pode levar a um declínio acentuado no lançamento de jogos em mídia física – é até possível que eles parem de ser lançados completamente, e as plataformas de jogos mudem totalmente para cópias digitais. Isso acelerará uma tendência que vem se formando há anos e que fez dos jogos em disco um produto de nicho.
Os fabricantes que continuarem a produzir discos provavelmente repassarão parte ou a totalidade dos impostos de 25% aos consumidores, dizem analistas. Depois dos discos, o preço das cópias digitais dos jogos também pode aumentar. Ainda há apenas uma maneira de evitar o pagamento de impostos: devolver a produção de discos aos EUA, onde ela estava localizada anteriormente. Mas isso exigirá um investimento significativo em um segmento de mercado que já caiu pela metade em comparação a 2021 e continua encolhendo. E para recuperar esses investimentos, os produtores terão que aumentar os preços novamente.
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As tarifas de Trump também ameaçam causar problemas para o mercado de consoles. Cerca de 75% de todos os consoles de jogos vendidos nos EUA são importados da China, o que significa que estão sujeitos a uma taxa de 20%. Os consumidores americanos não sentirão imediatamente o impacto dessa medida, pois os fabricantes estão vendendo estoques de unidades importadas antes da imposição das tarifas. Mas em algumas partes do mercado os efeitos já começaram a aparecer: o varejista on-line americano Newegg já culpou as tarifas pelo aumento dos preços das novas placas de vídeo da Nvidia.
Cerca de metade dos Nintendo Switches agora são fabricados fora da China — a empresa japonesa começou a mudar a produção em 2019, quando surgiu a primeira ameaça de uma guerra comercial. Assim, a Nintendo pode enviar unidades fabricadas em outros países para os EUA, enquanto vende consoles fabricados na China para o resto do mundo. A Microsoft começou a transferir a produção para fora da China em 2020 em resposta ao surto de pandemia. Mas a Sony ainda depende muito da China, com apenas 30% dos PlayStations produzidos fora do país.
Trump e sua administração estão confiantes de que as tarifas encorajarão as empresas a trazer a produção de volta aos Estados Unidos, mas analistas dizem que esse cenário é improvável — ele “simplesmente não é economicamente ou praticamente viável, dada a escala e a complexidade dos recursos necessários e a estrutura subjacente da produção econômica”. Mas a indústria de jogos pode conseguir um alívio: em 2019, Sony, Microsoft e Nintendo garantiram apoio da US Consumer Technology Association (CTA) para obter uma isenção tarifária. Trump deu a entender recentemente que esta rodada de tarifas também poderia incluir exceções para alguns jogadores.